Cineteka.com - Videoclube de culto para cinéfilos exigentes

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Muitos filmes de grande qualidade não têm o destaque que merecem, passando quase despercebidos. Por razões meramente económicas, as verbas promocionais concentram-se apenas em meia dúzia de títulos "mais comerciais". Para contrariar esta tendência, criámos este espaço de partilha e entre-ajuda, onde todos podem participar: escolha os filmes que achou mais marcantes e deixe o seu comentário.
Foram encontrados 2804 comentários. Resultados de 121 a 140 ordenados por data:
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A Espera (Pontuação: 3)
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Duas francesas num casarão, 2016-08-05
Resolvi ver este filme para conhecer a nova 'coqueluche' do cinema francês, uma das duas protagonistas do filme, a jovem Lou de Laâge. O filme e o seu enredo são desinteressantes e artificiais, não sendo credível a situação em que se vê envolvida a jovem Jeanne, aguardando pelo seu amado em casa da mãe deste. Lou de Laâge faz um bom trabalho, Binoche tem bons momentos.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Despedidas (Pontuação: 8)
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Um Achado!, 2016-07-27
Desta feita sim, a popularidade do filme nos comentários é amplamente merecida. Despedidas é um mau título em português, que deveria ser Partidas. De um alegado erro num anúncio, onde em vez de "derradeiras partidas" foi impresso apenas "partidas", o protagonista é contratado por uma pequena firma que cuida dos corpos dos mortos, mas sem saber ao que vai! Acresce que Daigo, o personagem, é artista, violoncelista, pelo que o choque é brutal. Mais do que uma narrativa, o filme é uma delicada e requintada reconciliação com a vida, tanto para Daigo e sua mulher Mika, como principalmente para o espectador. Sendo um filme com o qual só um semimorto não irá chorar, é ao mesmo tempo um sim à vida. Apresenta-nos um mundo embelezado, poderemos até falar de romantismo, mas sem a mínima lamechice, contido, púdico. O desempenho dos actores é excepcional.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Rapaz A (Pontuação: 2)
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Superficial, 2016-07-25
De novo levado pelos elogios fui espreitar um filme "escondido", e desta feita foi uma desilusão. Boy A é um apanhado do pior cinema inglês, e o cinema inglês sempre foi, regra geral, muito mau. O filão, o da segunda chance para um jovem delinquente, era prometedor, mas a arte para o explorar não foi nenhuma. Confesso que não consegui ver sequer o filme, apanhado sem fim de banalidades e estereótipos, de uma superficialidade raramente igualada. Se tivesse sido esse o objectivo, teria sido superado!
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
A Outra Metade do Amor (Pontuação: 7)
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Doloroso como a Vida, 2016-07-19
Começo por uma correcção, a personagem da jovem recém-chegada ao colégio interno, interpretada por Mischa Barton, não se chama Maube, mas sim Mary, cuja alcunha é Mouse. Este é mais um filme que nos lembra que a América anglo-saxónica está longe de se resumir aos Estados Unidos, e que a norte desse famoso vizinho outro grande país passa despercebido, imerecidamente. E também é assim no cinema, em que o Canadá continua a ter um lugar de primeiro plano, muitas vezes em associação com os tais vizinhos do sul. Não aqui, em que temos um filme canadiano, daqueles que só mesmo associamos a esse país, e que se vê com interesse, sobretudo pelos magníficos desempenhos das três jovens actrizes, e pela autenticidade psíquica ou espiritual das suas personagens, alunas adolescentes num colégio interno. Creio que existe um laço entre este filme e o célebre Clube dos Poetas Mortos, não pela existência de um professor extraordinário, nem por o colégio ser autoritário e repressivo para as jovens (não o é de todo), mas pelo drama do suicídio de uma jovem alma nobre em chamas que ninguém consegue aplacar. Mas aqui é mais doloroso, precisamente porque não há culpas institucionais para a desventura de Paulie. Ela e Mouse são as personagens mais interessantes, pois já sofreram a sério nas suas curtas existências, ao contrário de Tory, que prova que as pessoas normais não têm nada de especial. Apesar de algum irrealismo e concessões à banalidade no filme, é ainda assim uma obra que vale a pena espreitar, dolorosa como a vida, ardente como a juventude.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Monsters - Zona Interdita (Pontuação: 8)
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À Beira do Apocalipse, 2016-07-17
Este é um projecto de autor, o então jovem realizador inglês Gareth Edwards, que recebeu grande reconhecimento por este trabalho, quanto a mim merecido. Apesar do elemento fantástico das criaturas extraterrestres caídas no México por acidente, todo o filme transmite ao espectador uma aguda sensação de realidade, e isto pela razão mais simples, foi mesmo filmado na "natureza" mexicana e centro-americana em que é suposto decorrer, com as populações locais, com não-actores locais representando pequenas cenas. Até os dois protagonistas, eles sim actores profissionais norte-americanos, representando personagens norte-americanas, eram à data um casal na vida dita real, o que foi propositado de Edwards, de forma a conseguir passar a empatia entre os seus personagens - efeito conseguido! O segredo para conseguir que um filme rodado com meios reduzidíssimos no México se transformasse num filme de ficção científica está nos efeitos especiais digitais que foram adicionados pelo próprio realizador, que explica na entrevista que faz parte dos extras que depois de cursar cinema se especializou nos anos seguintes nessa área de imagem de síntese para cinema. Com um mero computador pessoal, muito suor e talento, Gareth Edwards conseguiu assim pintar o seu filme com tudo o que lhe faltava nas tomadas de imagem, nomeadamente com os seus "monstros", uns seres gigantescos inspirados em polvos, a fazer lembrar a ficção científica dos anos cinquenta, como lembra em baixo PMatos. Todo o enredo mostra o talento de Edwards em não se deixar cair nos mais banais arquétipos americanos (felizmente ele não é americano), nem no do herói salvador solitário, nem no dos monstros maléficos, nem na soberba face ao México e aos latinos. O resultado é um muito interessante e credível filme de aventuras inesperadas e de suspense para uma filha de papá rico e para um fotógrafo batido, que nada faria prever que se apaixonassem. E no entanto...
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Um Quarto em Roma (Pontuação: 4)
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Uma Oportunidade Perdida, 2016-07-15
Este é um filme politicamente correcto sobre um amor lésbico, envolvendo uma mulher sem experiências homossexuais anteriores. Mas nada é realmente convincente, nem mesmo as cenas de sexo. Faltou aqui o talento para transformar o banal em extraordinário, e o realizador conseguiu sim banalizar o extraordinário, não nos permitindo acreditar em quase nada daquilo que expõe.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
A Lei do Mercado
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O quotidiano pode não ser banal, quando há talento., 2016-07-15
Escrevo este comentário antes de a Cineteka ter o filme disponível, pois vi-o no cinema, e dei o tempo por bem empregue. Não é perfeitamente exacto que Thierry (Vincent Lindon) seja posto a espiar os colegas, mas sim que ele seja forçado, em razão do seu posto como segurança, a participar na punição de uma colega caixa que rouba o supermercado, acumulando para si mesma à socapa benefícios que eram destinados aos clientes, e não a ela. Apesar de a colega ser culpada essa será a gota de água que fará o nosso personagem atingir a saturação no emprego que conseguiu e de que necessita, mas em que não se sente à vontade. O valor do filme está exactamente na autenticidade do actor/personagem e das situações que vive. O final será uma surpresa para o espectador, peça o disco se quiser saber!
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Star Wars - Episódio VII - O Despertar da Força (BLU-RAY) (Pontuação: 7)
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A Saga Continua!, 2016-07-11
Não tive desejo de ver este episódio VII da saga Star Wars no cinema, mas aproveitei a disponibilidade do disco na Cineteka para me "actualizar" e dedicar a este "guilty pleasure" dos tempos da minha infância, agora recauchutado. E foi isso mesmo que a Disney fez, refez o primeiro episódio que estreou, o episódio IV, faz agora quase quarenta anos! Tudo é o mesmo, e tudo é novo, mas em equipa que vende não se mexe, e temos de novo um jovem do deserto (mas agora do sexo feminino) que sairá do "buraco" onde cresceu para ascender ao heroísmo através de aventuras e, claro, através da Força! De novo temos um mascarado vestido de negro dominado pela lado negro da Força, que ao lado de um general lidera as tropas imperiais, agora com um novo nome, First Order, e não Império Galáctico. Ficamos sem saber como depois da derrota final do Imperador no episódio VI o lado negro da força voltou a vencer os jedis, mas não será muito ousado supor que nos próximos episódios venhamos a ter mais informações sobre isso. Porque claro que vai haver mais episódios, e enquanto o filão não se esgotar podemos contar com eles! Este filme é uma manobra muito astuciosa para conquistar as actuais crianças e jovens para a saga, mantendo a continuidade com a galáxia "far far away" de George Lucas para aqueles que já lhe conhecem a história. Os agora idosos Harrison Ford, Carrie Fisher e Mark Hamill fazem a ponte para os novos tempos da jovem Rey, da mesma forma que Obi Wan (Alec Guiness) o fez para Luke Skywalker. E é pois comovente o encontro final entre Rey (magnífica a jovem actriz Daisy Ridley) e Luke Skywalker, que é ao mesmo tempo o encontro da jovem resistente com o outrora jovem resistente, o encontro da nova geração de protagonistas da saga com os seus fundadores, e ainda, embora isso não seja explícito, o encontro da filha Rey com o seu pai Luke. Como é que eu sei? Vi na Força, claro!
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
O Homem da Terra (Pontuação: 6)
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Teatro Filmado, 2016-07-10
Eis um filme sem dúvida interessante, sobretudo para quem gosta de teatro, pois é disso que se trata. Como reagiria se um seu colega de trabalho durante dez anos, que durante esses dez anos não mudou nada fisicamente, no momento em que parte sem dizer para onde, lhe dissesse a si e aos seus colegas que vive desde o Paleolítico sem envelhecer, e resistisse a todo um interrogatório cerrado dos seus amigos professores universitários, sem nunca ser apanhado em falta? A ideia é bem aproveitada dramaticamente, apesar das falhas do guião, a mais notória das quais é aproveitar a obra para propagandear as crenças dos autores do filme, contra o cristianismo, a favor do budismo, do ambientalismo, enfim, daqueles valores tão banais numa certa intelectualidade 'hippie' made in USA. Apesar disso, talvez também apesar do excesso de detalhes da história de John, o homem com 14.000 anos, o filme vê-se e tem momentos de intenso dramatismo, incluindo um final romântico que faz sentido, e que deverá deixar o espectador mais crente no amor e na fé.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Tudo Pode Dar Certo (Pontuação: 8)
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Excelente, para apreciadores do estilo Woody Allen, 2016-06-08
Especialmente para quem aprecia o estilo e as histórias contadas pelo Woody Allen, este filme conta ainda com um conjunto de atores que encarnam na perfeição a história contada.
Finalmente, um filme que me arrancou arrancou algumas gargalhadas e me deixou agarrada até ao final da história. O cenário é o dia-a-dia de Nova Yorque, as bancas de fruta, as esplanadas, nova-iorquinos a passar pelos atores, um ambiente muito descontraído. Recomendo!
Por IMartins (LISBOA)
O Sacrifício (Pontuação: 9)
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Um Adeus à Vida, 2016-04-07
Trata-se da despedida de Andrei Tarkovsky, tanto do cinema como da vida, pois ele lutava já com o cancro que o vitimaria. É tanto uma reflexão filosófica como uma obra de uma beleza plástica extraordinária, sobretudo no grande ecrã. O filme é dedicado ao filho pequeno de Tarkovsky como um legado que o pai lhe deixa à hora da morte, e é de um surpreendente optimismo existencial e espiritual, sobretudo para quem está prestes a morrer. Não aprecio o cinema russo nem Andrei Tarkovsky, mas abro uma das raras excepções para este filme que pude rever recentemente no cinema, e que é magnífico. Note-se que é um filme rodado em liberdade na Suécia, longe da censura comunista da URSS, e das temáticas "politicamente correctas" do cinema soviético, que Tarkovsky desertou. Em boa hora!
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Mapas Para as Estrelas (Pontuação: 1)
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Detestei, 2016-04-02
É o primeiro filme de David Cronenberg que deixou completamente gelado. Vi-o há uns dois meses e confesso que não me lembro de nada do filme, que é o que me acontece quando o acho detestável. Já o anterior "Um Método Perigoso" me tinha deixado indiferente.
Por José Figueiredo (ÍLHAVO)
Blade Runner - Perigo Iminente (Blu-Ray) (Pontuação: 9)
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Um Filme Negro?, 2016-03-28
Esta é uma edição de luxo em alta definição do clássico de 1982 de Ridley Scott, e é a sua versão "definitiva". O filme foi mal recebido na estreia, pois, apesar de ser ficção científica, género então tão popular, é também um filme difícil e nada optimista, ficção científica "noir". E negro é a palavra para um filme em que esta é a côr dominante do ecrã durante a sua totalidade, com excepção da aproximação amorosa entre o exterminador Harrison Ford e a "replicante" Rachel. Não me parece pertinente a hipótese de Harrison Ford ser um "replicante", porque Ridley Scott é perfeitamente explícito visualmente - os olhos dos "replicantes" têm um brilho especial e diferente, que não se encontra nos seres humanos. Visualmente é também uma das palavras-chave para esta obra no escuro e à chuva, e que não deixará de impressionar a retina do espectador de forma duradoura. Mas os planos de assombrosa beleza não estão lá para ilustrar e atrair os espectadores da novidade e da frivolidade, que não se sentiram atraídos logo em 1982, pois para esses Indiana Jones e ET bastam. Blade Runner pode ser o princípio de uma reflexão sobre a vida artificial, o futuro com ela, a nossa relação com os novos seres, e mesmo de uma reflexão sobre nós próprios. E são eles, os seres artificiais, que acabam por salvar o seu próprio perseguidor Harrison Ford, e por duas vezes. Com todos os defeitos que sem dúvida tem, por exemplo algumas cenas de violência não credíveis, por exemplo a data pouco afastada de 1982 que foi escolhida, Blade Runner continua sendo um grande filme, e mesmo um filme de culto para alguns. Indispensável, tal como Alien.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
O Grande Gatsby (Pontuação: 2)
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Quem não sabe, não sabe, 2016-03-27
Eis um filme a evitar, tal como a "obra" do tal de Baz Luhrman, que só agora associei a ultrajes à arte do calibre de Moulin Rouge ou Australia. Trata-se de um indivíduo que não deve ter a mínima ideia de que trabalha, ou deveria trabalhar, para o espectador, e não para exibir muitos planos vistosos e infantilizantes por segundo. Não se percebe o que dois cotados actores como DiCaprio e Mulligan aqui andam a fazer, mas claro, lá pelas terras do Tio Sam deve ser raro poderem trabalhar com gente talentosa, e os dólares falam mais alto, tal como para Gatsby. Este foi um filme que não vi no cinema, e sobre o qual fiquei com curiosidade de "espreitar". É pena que a crítica não lhe tenha reservado o acolhimento glacial que merecia. Uma nulidade, em suma, na qual trabalhou gente talentosa. É pena.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Spartacus - Edição 50º Aniversário (BLU-RAY) (Pontuação: 9)
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Um Filme Obrigatório, 2016-03-26
Eis uma excelente edição em Blu Ray de uma cópia restaurada do clássico Spartacus de Stanley Kubrick. Aquilo que poderia não ter passado de mais um aborrecido 'peplum' hollywoodesco, como quase todos os que fizeram escola nos anos cinquenta do século XX, transforma-se pelo talento de Stanley Kubrick e de um punhado de actores ingleses e americanos extraordinários numa obra cinematográfica capaz de nos agarrar durante as suas três horas e meia. Este é um dos filmes ou obras de arte que realmente nos levam aos alvores do Império Romano, embelezados mas não desfigurados, na sua grandeza e na sua baixeza.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
007 - Casino Royale (BLU-RAY) (Pontuação: 7)
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Há muito cinema neste 007..., 2016-03-05
Quase dez anos depois revejo este Bond..., à época escrevi este texto num antigo blogue que agora aqui adapto - pois revendo o filme, revejo-me também no que tinha antes escrito...

Excelente surpresa. Muito mais do que a eficaz realização de Martin Campbell o destaque tem de ir todo para Daniel Craig. O actor britânico monta um Bond clássico (uma personagem à antiga - frio, duro, mau, violento…) que se aproxima do melhor Bond de sempre: Sean Connery. Também aqui o argumento faz toda a diferença; e dando o desconto às inverosimilhanças típicas de um filme de acção, estamos perante uma obra nobre. Quase duas horas e meia que prendem o espectador com momentos de verdadeira catarse. Curiosa é a forma como uma historia com quase cinquenta anos (este foi o primeiro livro de Ian Fleming) se adapta aos nossos dias. Aqui reside talvez o maior trunfo da realização. Veja-se, por exemplo, a primeira verdadeira cena de acção (após um genérico épico) que leva aos limites o desporto urbano da moda [à época].
Há muito cinema neste 007. Consistência num filme rodado em meia dúzia de locais diferentes; do estúdio à Praça de São Marcos, das margens do Como, aos luxuosos resorts das Bahamas sempre num verdadeiro bailado de amor e morte.
Por Pedro S. Lourenço (LISBOA)
O Laço Branco
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Educação Alemã de Outros Tempos, 2016-03-03
17 prémios, incluindo o prémio dos prémios, a Palma de Ouro de Cannes, já são elucidativos. Esta é uma das maiores denúncias alguma vez feitas do germanismo autoritário, no caso numa pequena comunidade, e que levou a tão trágicos resultados no século XX. Um filme como este só poderia ser feito por um alemão (em rigor ele é austríaco), que fosse simultaneamente um grande artista: é o caso. Mas não se engane, em Michael Haneke não há consolos para o espectador, muito menos "happy ends".
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Vénus de Vison (Pontuação: 8)
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Roman e Emmanuelle em plena forma!, 2016-03-02
Nos últimos anos Roman Polanski, que é um dos cineastas que nunca se repetiu nem decaiu, tem-se virado para o teatro como fonte de inspiração. Já foi assim com o Deus da Carnificina, e voltou a sê-lo em 2013 com esta Vénus de Vison, em que o autor nos indica explicitamente ao que vamos com a câmara, entrando no teatro na abertura, e abandonando o teatro no final. Polanski, que nunca abandona a sala de teatro, onde nos deixa com os magníficos Mathieu Amalric e Emmanuelle Seigner, consegue um dos filmes mais teatrais da 7ª arte, e que é ao mesmo tempo um estudo sobre o próprio teatro. Juntando a isto a sua mulher, Emmanuelle Seigner, que faz uma Vénus quarentona com uma sensualidade que parece que não foi nem beliscada pelos mais de vinte anos que passaram desde Lua de Mel, Lua de Fel, e temos uma obra de grande interesse, mas também muito exigente para o espectador, pelo que poder voltar atrás por vezes pode ser importante. Polanski, em plena forma!
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Golpe a Golpe (Pontuação: 7)
Contestação Pura, 2016-02-28
Costa-Gavras é um talentoso realizador greco-francês que anda nestas coisas de filmes há quase cinquenta anos, e de quem se espera sempre uma posição de extrema-esquerda anarquista. Nesta comédia negra de 2005, Costa-Gavras tem de novo o talento de transformar um enredo absurdo, de um quadro técnico desempregado que decide assassinar todos os seus concorrentes melhores do que ele, de forma a conseguir o emprego que ambiciona e sem o qual não existe, num filme que se vê com prazer. Só isso já é uma demonstração de talento, tal como o dos actores José Garcia e Karin Viard.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
Enquanto Somos Jovens (Pontuação: 8)
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Never Again, 2016-02-21
De novo Noah Baumbach volta a levar-nos a passear pela América nova-iorquina e cosmopolita dos artistas, coisa que tão bem fez recentemente com Frances Ha, que aproveito para também recomendar. Enquanto Somos Jovens não é uma comédia, embora contenha cenas que estão nesse registo, como a de um quarentão a deslocar-se de patins por Nova Iorque, etc. Mas o que penso que é mais relevante no filme é a passagem do tempo e os seus efeitos, no casal Josh/Cornelia (Ben Stiller/Naomi Watts), e em todos nós espectadores, que não poderemos deixar de nos interrogar sobre as nossas próprias vidas, sobretudo se pertencermos às gerações menos juvenis. Josh e Cornelia, através da sua amizade com o casal jovem, vão tentar voltar à juventude, cedendo a essa imensa nostalgia a que nós lusófonos também podemos chamar saudade. Mas claro que querer ser novo uma segunda vez, ou tentar ser novo um segunda vez, são coisas bem distintas, como Josh e Cornelia irão descobrir. E o que eles descobrem, pelo sofrimento, a impossibilidade material e espiritual dessa "viagem à juventude", em vez de os destruir, une-os de novo na aceitação da sua própria realidade de mortais de meia-idade, que no início do filme não era possível. Podemos pois falar, na grande tradição americana dos anos trinta, de uma "commedy of remarriage", em que o casal de recompõe depois do perigo. O plano final é delicioso, pelo olhar de Naomi Watts sobre uma criança pequena, quase bebé, de 'smartphone' na mão, vivendo numa realidade que Naomi Watts nunca conheceu na sua infância, e que não pode sequer compreender, mas pela qual a sua repulsa é evidente. Como disse o grande Nicholas Ray, we can't go home again. É isso que nos diz também Enquanto Somos Jovens. Never again.
Por Pedro Fernandes (PAçO DE ARCOS)
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