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Ano: 2018
Idade: M/14
Duração: 84 min
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Década de 1950. A vida no Alentejo é difícil. Os trabalhadores rurais, sob o domínio dos grandes proprietários, trabalham de sol a sol e o que ganham muitas vezes não é suficiente para alimentar as suas famílias. Uma noite, depois de ser vítima de uma grande injustiça, um homem perde a razão e transforma-se num assassino…
Com realização de Sérgio Tréfaut, “Raiva” é um filme a preto e branco que adapta ao grande ecrã a obra “Seara de Vento” (1958), de Manuel da Fonseca, um clássico do neo-realismo português sobre a pobreza, a opressão e as injustiças sociais que se inspirou num evento verídico acontecido em Beja, em 1930. O elenco, de luxo, conta com Hugo Bentes, Sergi López, Catarina Wallenstein, Rogério Samora, Adriano Luz, Leonor Silveira, Lia Gama, Isabel Ruth, Diogo Dória e Luís Miguel Cintra, entre outros.
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Detalhes Técnicos
Duração: 84 min. |
Vídeo: Widescreen 1.85:1 anamórfico |
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Áudio: Português |
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Legendas: Português, Inglês, |
O Alentejo não é paisagem simpática (Pontuação: 8) |
O brasileiro Sérgio Tréfaut volta a surpreender-nos com esta conseguida adaptação de um romance neo-realista, que o transporta a ele e a nós de novo até aos campos do Alentejo (não esquecer o seu magnífico documentário Alentejo, Alentejo, de que a Cineteka dispõe). Para mim há uma rima entre este filme e Tempos Difíceis de João Botelho, e por muitas razões, que vão bem além do partido magnífico que ambos tiram do preto e branco. Confesso que prefiro o filme de João Botelho, e que considero Sérgio Tréfaut melhor documentarista do que realizador de ficção, embora aquilo que tem feito de ficção, como é aqui o caso, não lhe enlameie a reputação. Curiosamente, penso que em Raiva ele começa mal, sendo a cena da perseguição da GNR e da morte do Palma pouco conseguida. Mas rapidamente as coisas começam a melhorar, também em virtude dos excepcionais desempenhos de um elenco excepcional reunido para esta obra. Tal como nos mais elaborados filmes de Manoel de Oliveira, temos aqui um desfile da nata dos actores e actrizes portugueses, do cinema e do teatro, e de todas as gerações. Claro que apenas isso não faz um filme, mas ajuda, tal como ajudou há trinta anos João Botelho em Tempos Difíceis. O que ambos os filmes conseguem, e que deve ser salientado, é elevar-se acima do tema da "luta de classes" em que poderiam ficar facilmente atolados, para integrarem plenamente o trágico da existência daquelas almas num meio fechado, e de todas as almas. Mesmo com alguns momentos menos conseguidos, temos aqui algo que é altamente recomendável!
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